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Os passos para o nascimento de uma peça em Filigrana

Hoje vamos falar-vos das passos necessários porque passa uma peça de Filigrana.

1 – O desenho

Como em qualquer peça de arte que se preze, também o ponto de partida para criação de uma peça de filigrana começa pelo seu desenho, geralmente feito numa folha de papel pelo próprio artesão ou selecionado por ele de uma panóplia de desenhos-modelos pré-existentes e bem guardados nas oficinas tradicionais.

Este desenho deve ser preciso e claro e fornecer todos os dados necessários a uma correta leitura e transposição para o metal. Na sua maioria, são desenhos livres, intuitivos, fruto da observação e reprodução do artesão, ou simples debuxos sem ter em conta questões mais complexas e completas que o desenho técnico impõe.

O desenho deve seguir uma escala o mais real possível, para evitar erros na transposição para a peça, através de interpretações incorretas e projeções que comprometam a perfeita representação da peça desenhada. Atualmente, e fruto da integração, em algumas oficinas de ourives, de designers responsáveis por desenhar peças mais contemporâneas, os métodos estão a sofrer alterações e a ser gradualmente informatizados. No entanto, e para as peças mais tradicionais, usam-se os “velhos” debuxos guardados religiosamente pelo ourives (ou, não raras vezes, as imagens guardadas na memória dos ourives mais antigos).

 

2 – Fundição

Passo 2: Fundição

O metal (ouro ou prata) é colocado no cadinho que é aquecido na forja a uma temperatura de cerca de 900 graus centígrados até fundir. O cadinho é depois retirado com uma tenaz e o metal vertido numa rilheira de ferro que lhe dá a forma de uma barra comprida. A chapa assim obtida é depois martelada e repuxada até ficar uma lâmina. O modelo é passado do desenho para essa chapa e depois recorta-se ou serra-se a chapa.

 

3 – Obtenção do fio

Passo 3: Obtenção do fio

O fio obtido por fundição e vazamento numa rilheira é batido na bigorna, e a primeira redução de espessura é efetuada no trefilador. Depois de estar nas dimensões pretendidas, é conformado na fieira ou damasquilho, até determinada espessura e, finalmente é estirado nos denominados rubis, peças de ferramenta que possuem uma largura superior à fieira e que permitem a obtenção de fio com espessuras inferiores a 0,2mm.

 

4 – Torção do Fio

Passo 4: Torção do fio

Pegam-se em dois fios e torcem-se à mão, terminando a operação entre duas tábuas. Depois o cordão daí resultante vai à forja a uma temperatura de cerca de 700 graus centígrados para recozer, ligando os dois fios. Esses fios são depois esmagados por um cilindro, tornando-se mais leves e laminados e constituindo o torcido tão importante para a obtenção do resultado final rendilhado da filigrana.

 

5 – Obtenção do esqueleto, armação ou arcabouço

Passo 5: Obtenção do esqueleto

A armação/esqueleto define e limita os espaços que irão, posteriormente, ser preenchidos pelo fio. É feita por uma chapa/fita de ouro ou prata, obtida no cilindro, que lhe dá a espessura e largura pretendida e na qual se vai fazendo o contorno e nervuras interiores da peça que lhe dão a resistência e o aspeto desejado. A armação/esqueleto pode ser feita manualmente ou utilizar meios mecânicos e tecnológicos para a sua realização (injeção, corte a laser, moldes em cera, entre outros).

 

6 – Enchimento da peça

Passo 6: Enchimento da peça

Encher uma peça significa preencher os espaços vazios da armação/esqueleto com o fio da filigrana. O fio que enche as peças é torcido como atrás se referiu, achatado e adelgaçado de forma a enrolar-se em SS, espirais e em rodilhões (Póvoa de Lanhoso) ou crespos (Gondomar), escamas, caracóis, caramujos e cornucópias. Para enrolar o fio, este é preso numa pinça ou buchela de ourives (em Travassos) e com movimentos giratórios vai-se enrolando o cordão até fechar os vazios da armação. Este processo de enchimento das peças, trabalho artístico propriamente dito, é feito essencialmente por mulheres, cuja leveza a agilidade de movimentos associada à persistência e paciência, tornam possíveis estas obras de minúcia e renda.

 

7 – Soldadura

Passo 7: Soldadura

Molha-se a peça em água ou uma espécie de goma e verte-se a solda sobre a peça (utilizando a borrachinha). É uma operação difícil e que para ser bem executada requer muita experiência e perícia. O filigraneiro solda com o maçarico (maçarico bucal para as obras de ouro e forja para a prata). O objetivo final desta tarefa é agregar os diferentes componentes da peça sem que a soldadura seja visível.

 

8 – Moldar a peça

Passo 8: Moldar a peça

Quando a peça é constituída por vários componentes, é necessário agrupá-los, montá-los e embuti-los. Esta tarefa faz-se com um martelo, pinças e outras ferramentas, moldando a peça e dando-lhe relevo e toque personalizado.

 

9 – Acabamentos (branqueamento, escovagem e secagem)

Passo 9: Acabamentos

As peças de filigrana, depois de soldadas ficam oxidadas e sujas, tendo de ser novamente recozidas. Para tal colocam-se várias peças num recipiente que vai a aquecer na forja a altas temperaturas. Depois de arrefecerem as peças são banhadas numa solução de água com ácido sulfúrico a ferver, 3 ou 4 vezes, até tomarem a cor da prata. A peça é esfregada com uma escova de metal muito fina com água e detergente, até ficar brilhante, ou vai a polir na máquina de esferas ou na máquina de polimento magnético. Por último a peça vai ao secador onde será feita a sua secagem.

O resultado final pode ser encontrado aqui, na sua Aureum

 

 

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